Volume pode se referir, dentre outras coisas, à intensidade do som, à medida que a matéria ocupa no espaço, às partes brochadas separadamente de obra ou ao conjunto do número de periódicos durante ano. Segundo pode ser aquilo que não ocorre em primeiro plano, aquilo que acompanha e muda o significado do que está na superfície. Segundo Volume, em nossa concepção, representa a organização e publicação daquilo que não é visto, ou seja, revelar o que tem sido enterrado pelo atropelo geral da cultura dominante, jogar luz à sombra, e produzir, seja via conversas, entrevistas, perfis, chamadas abertas, material novo sobre artistas, bandas, ideias, que possam despertar algum interesse comum. Segundo Volume também é a sobra de som de uma gravação de áudio, aquilo que preenche sutilmente uma música pelas interferências que ocupam camadas secundárias. Partimos, entre outras expressões, do punk, das artes visuais contemporâneas e da música popular brasileira, como lugar em comum, formação de nosso repertório cultural e, também, de vários dos colaboradores, de diversas obras e estilos finais, que têm contribuído para nossa formação de material. Chegamos a pontos de alta e baixa cultura, borrando suas possíveis fronteiras e pretendemos manter o interesse nesses universos aparentemente dissonantes, estabelecendo uma linha horizontal entre os diversos artistas que serão trabalhados, sem distinção pressuposta entre artistas desconhecidos e artista consagrados nacional e internacionalmente. Abordamos simetricamente artistas consagrados e artistas de Campinas e outras cidades do interior, valorizando nossa produção local e promovendo nomes emergentes que se alinham a produção cultural de relevância nacional e internacional. Nossos colaboradores são compostos por críticos especializados e majoritariamente por artistas e produtores culturais independentes de Campinas, São Paulo e cidades de outros estados brasileiros, assim como colaboradores internacionais e abordagens de artistas mundiais diversos. A revista será impressa em alta qualidade; 150 páginas em Couchè (150g) e capa em Supremo (300g), o que é importante para preservar a maior qualidade possível do material visual publicado e proporcionar uma narrativa visual construída pela disposição gráfica da revista, com tiragem prevista em 1000 edições e intenção de grande circulação nacional. O projeto é composto por uma equipe especializada em suas áreas de atuação (artes visuais, literatura, música, design, marketing, produção cultural, coordenação editorial e logística), sendo cinco membros da cidade de Campinas e dois membros de São Paulo capital. Para a primeira edição da revista recolhemos variadas colaborações visuais e escritas além de realizarmos diversas entrevistas, entre elas com o músico e compositor Jards Macalé, o fotógrafo espanhol Chema Madoz e o escritor e compositor Luís Capucho. Contamos também com colaboração de artistas consagrados dentro de sua área de atuação, criando conteúdos que revelam facetas desconhecidas destes autores, como crítica de cinema em quadrinhos, ilustrada pelo músico e compositor Kiko Dinucci, um dos principais e mais relevantes nomes da atual música brasileira e reconhecido internacionalmente, assim como ilustrações e poesias de Sandra Coutinho, baixista da lendária banda pós-punk As Mercenárias, uma das mais importantes do gênero. Com longas sessões de imagens, das contribuições visuais temos obras de Luise Weiss, Carolina Krieger, Fábio Tremonte, Daniel ETE, Waldomiro Mugrelise, Marilá Dardot, Lia Chaia, Raphael Escobar, Ana Teixeira, Gê Viana, Virginia de Medeiros, Reginaldo Pereira, Ivan Grillo, entre outras. Contamos com crítica musical por Bernardo Oliveira, crítico especializado do Rio de Janeiro e produtor cultural, crítica por Quique Brown, da banda Leptospirose de Bragança Paulista, além de ensaios sobre Jocy de Oliveira, pianista de vanguarda e pioneira da música eletrônica no brasil, Einstürzende Neubauten, grupo alemão de música experimental e performática, e críticas e resenhas sobre Sore Throat, Dead Milkmen, Don Letts, Pier Paolo Pasolini e Roberto Piva. Também contamos com traduções inéditas de Kathy Acker, Nicanor Parra, Leopoldo María Panero e Adrienne Rich, além de poesia e literatura original de colaboradores diversos, como Alberto Lins Caldas e Gil Jorge, e de diversos artistas da cidade de Campinas que transitam por diversos ambientes, desde os acadêmicos e eruditos até artistas e produtores periféricos. O projeto inclui artistas visuais internacionais, tais como Tomas Watson e Kirsten Valentine. O grande leque de assuntos aludidos e a junção de universos distintos predispõe a expansão do repertório cultural do leitor, que ao se interessar por assuntos específicos, sejam eles eruditos ou periféricos, são apresentados para diferentes horizontes, além de responder a uma demanda de pessoas com todos esses interesses comuns tratados na publicação, que raramente são encontrados emparelhados desta maneira, sobretudo em formato impresso e periódico. A concepção visual cuidadosamente traçada entre as distintas temáticas é o que conduz a narrativa da revista Segundo Volume.